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Óculos escuros no rosto, malas no banco de trás e minhas músicas favoritas tocando no rádio. Diferente das outras vezes, não tenho a sensação de ter esquecido nada. Na verdade, o que deixei para trás foi proposital. Esqueci em cima da cama, ainda bagunçada, toda a bagagem pesada do meu coração. Tenho certeza de que ele não precisará disso nesses dias de viagem, nos quais só focarei em mim e em coisas boas.
O dia está ensolarado e a estrada tranquila na minha frente. O sol brilha como se quisesse me dizer que estou no caminho certo. Uma música começa a tocar e me sinto confiante cantando junto, um sentimento bom me toma e a energia do carro, antes pesada, fica mais leve.
As horas vão passando e as músicas vão acabando. Quando o sol começa a se pôr, chego ao meu destino. O topo de uma montanha, a qual tinha costume de acampar há alguns anos. Tanto aconteceu de lá pra cá, coisas mudaram e outras me impediram de vir a esse lugar calmo e maravilhoso. Saio do carro e sento perto da beirada, admirando a imensidão. Fecho os olhos e inspiro o ar puro. Permaneço assim por alguns minutos que mais pareceram horas. Meu corpo é tomado por uma calmaria e tranquilidade que há muito tempo não sentia.
Quando começa a escurecer monto a barraca e acendo uma fogueira. Sento na cadeira dobrável que trouxe e me enrolo no cobertor tomando chocolate quente para me proteger do frio. O céu estrelado brilha e observo as estrelas, tão brilhantes e misteriosas... E decido que uma vez ao mês farei isso. Irei tirar um final de semana só para mim, para meditar, sair da correria do dia-a-dia, esquecer de tudo e de todos e não ligar para o que dizem e pensam. Reservar um tempo para ser eu mesma, longe das máscaras e convenções sociais, um tempo para ser feliz, não importa o que. Um tempo para me encontrar sempre que estiver perdida...
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