Pensamentos

Sobre você

19:47Giu Nunes


Guardei tudo em uma caixa. Sim, aquela que você me deu cheia de cartas, bombons e a aliança... Deixei em cima do armário, lá na parte de trás onde só tendo muito trabalho (e você sabe que sempre fui um pouquinho preguiçosa) conseguiria pegar. Qual o motivo? Para não ficar tentada a pegar, para não chorar, pois você não merece minhas lágrimas (apesar de elas já terem rolado tantas vezes) desde que saiu com uma pequena mala por aquela porta. Guardei fotos, cartas e tantas coisas que lembravam você. Como por exemplo, aquele ingresso de um filme estrangeiro que assistimos no meio da madrugada em um desses cineminhas cults pela cidade, acabamos não entendo muito do filme, mas gostamos. A passagem para Paris, onde fizemos aquela viagem incrível e nos enchemos de croissant e chocolat chaud (você sempre gostou quando fazia biquinho para pronunciar as palavras em francês). E até mesmo aquele papel de bala, sim, aquela que dividimos no nosso primeiro beijo.

E agora que está tudo guardado, todas as lembranças suas, me sinto mais leve. Tão leve que daqui há uma semana embarco em um voo para a Itália, você nunca quis ir lá, mesmo sabendo que era um dos meus sonhos de viajante. Vou sozinha. Sem ninguém. Sem você...

Sabe, a sua presença fazia falta nesse apartamento. Costumava perder o sono e ir  sentar no sofá da sala (o modelo que você escolheu, a cor que eu escolhi) com um cobertor felpudo e uma xícara fumegante de chá (você sabe que sempre preferi a café), olhava pros lados e lembrava do momento em que entramos por aquela porta. Você me carregando como se fôssemos casados e rindo com o rosto no meu pescoço. Lembrava das nossas noites gourmets na cozinha, inventando cada combinação que arrepiaria os chefs mais renomados. Mas isso são lembranças do passado, não mexem mais comigo.

Se alguém me perguntar o motivo da sua partida, responderia em branco. Pois até hoje isso é uma lacuna vazia em minha mente. Confusa. Complexa. Saudosa. Não mais.

Então me sento na almofada da janela, com o notebook em meu colo e uma taça de Chardonnay na mão (acho que estou levemente embriagada), vestindo aquela camiseta velha que você deixou aqui. Não porque ela me lembra você (ou porque tenho a leve impressão de que seu cheiro ficou impregnado), simplesmente pois gosto do toque (carinhoso) do tecido em minha pele completamente desnuda por baixo. E começo a superar tudo escrevendo um texto... sobre você.

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